Um década depois da última edição, Mundial Master começa nesta terça no Arpoador com a geração que criou e a que popularizou o Circuito Mundial
“Fica frio”, dizia Fábio Gouveia, rindo, tentando ampliar o vocabulário em português de Cheyne Horan. De pé, eles conversavam ao lado esposa de Peter Townend, que recomendava um cafezinho. Tom Curren chegou logo depois, minutos antes de ser chamado à mesa, ao lado da dupla, de Gary Elkerton, de Daniel Friedman e de Renan Rocha. Na platéia, além de jornalistas, quase todos os surfistas - uns em forma, outros com uns discretos pneuzinhos - que, a partir desta terça-feira, vão fazer o Arpoador voltar no tempo. Um década após a última edição, o Mundial Master reúne, nas categorias Master (de 36 a 49 anos) e Grand Master (a partir de 50), duas gerações: a que criou o Circuito Mundial - em 1976 - e a que o popularizou.
Gargalhada e piadas - em português e em inglês -, aliás, deram o tom do encontro. O campeonato, na verdade, tem clima de festival, algo raro no surfe brasileiro.
A maioria dos surfistas hoje trabalha de alguma forma ligada ao surfe: gerenciando atletas, empresas ou botando a mão na massa, ou melhor, nas pranchas, fazendo shapes. O australiano Cheyne, que na década de 70 venceu dois campeonatos no Arpoador, deixou a esposa e os filhos em casa e mostrava ser um dos mais animados. Arriscou até falar português.
- Agora aqui, estou muito feliz. A Praia do Arpoador tem boas ondas, às vezes – brincou – É muito bom estar de volta. Temos paixões diferentes, empregos diferentes. É muito bom se reencontrar e saber o que cada um está fazendo. Espero que a gente possa jantar junto e aproveitar bastante a semana.
Curren, tricampeão mundial, é a principal estrela. Antes de vir ao Rio, o americano nadou, deu suas corridinhas. Nada demais, diz. Daniel Friedman também. O carioca estava na última edição do Masters, na Irlanda. Agora, vai competir no quintal de casa. Em 1977, ele venceu no Arpoador a etapa brasileira do Circuito Mundial. Um circuito ainda bebê, que tinha entre os competidores Pepe Lopes, falecido em 1981, durante um voo de asa-delta.
- Estamos sendo reconhecidos pelo que a gente fez. Mostrar o que podemos fazer é muito bom. .A alegria de estar todo mundo surfando junto vai ser a melhor memória - disse Daniel.
A descontração foi tanta que um dos convidados sugeriu uma bateria especial:
todos usariam as pranchas dos anos 70. Quem se antecipou a responder foi Cheyne, de novo com seu português arranhado.
- É mais ou menos bom. Deixem os garotos novos tentarem isso...
E por falar em idade, fica a pergunta: depois de tantos anos, a vontade de surfar ainda é a mesma?
- Claro! - todos responderam.
Formato diferenciado para garantir maior participação dos surfistas
O Mundial Master terá um formato único em campeonatos de surfe. Os surfistas serão divididos em grupos, sem baterias eliminatórias: eles acumulam pontos de acordo com as colocações. Após as fases classificatórias, os oito primeiros avançam às quartas de final, onde os duelos passam a ser homem a homem.
Primeira fase da categoria Master - de 36 a 49 anos:
1. Barton Lynch (AUS), Rob Bain (AUS), Flavio Padaratz (BRA), Richard Lovett (AUS)
2. Gary Elkerton (AUS), Brad Gerlach (EUA), Richie Collins (EUA), Guilherme Herdy (BRA)
3. Derek Ho (HAV), Victor Ribas (BRA), Kaipo Jaquias (HAV), Jojó de Olivença (BRA)
4. Tom Curren (EUA), Jake Paterson (AUS), Shea Lopez (EUA), Renan Rocha (BRA)
5. Mark Occhilupo (AUS), Fabio Gouveia (BRA), Marty Thomas (EUA), Fabio Silva (BRA)
6. Luke Egan (AUS), Peterson Rosa (BRA), Nathan Webster (AUS), Ricardo Toledo (BRA)
Primeira fase da categoria Grand Master - 50 anos ou mais:
1. Shaun Tomson (AFS), Hans Hedemann (HAV), Buzzy Kerbox (HAV), Daniel Friedman (BRA)
2. Wayne Bartholomew (AUS), Glen Winton (AUS), Peter Townend (AUS), Iain Buchanan (NZL)
3. Michael Ho (HAV), Simon Anderson (AUS), Ian Cairns (AUS), Lula Menezes (BRA)
4. Cheyne Horan (AUS), Terry Richardson (AUS), Terry Fitzgerald (AUS), Zé Alla (BRA)
Campões mundiais master (Master e Grand Master):
2001 - Gary Elkerton (AUS) e Mark Richards (AUS), em Bundoran - Irlanda
2000 - Gary Elkerton (AUS) e Michael Ho (HAV), em Lafitenia - França
1999 - Cheyne Horan (AUS) e Wayne Bartholomew (AUS), em Lafitenia - França
1998 - Joey Buran (EUA) e Buzzy Kerbox (HAV), em Puerto Escondido - México
1997 - Terry Richardson (AUS) foi o primeiro campeão em Cloudbreak, Tavarua Island - Fiji
Surfistas participam da abertura do Mundial Master (Foto: Kelly Cestari/ASP) |
Alguns deles, como Fabinho, Renan e o próprio Curren, ainda disputam campeonatos eventualmente. Mas, para o Master, todo mundo “deu um gás”.
- Estou fazendo “pilhates”: é uma pilha só. Treino, nado, faço stand up surf – disse Fabinho, arrancando risos.Fabinho: piadas e risadas antes de competir (Foto: Cezar Loureiro / agência O Globo) |
A maioria dos surfistas hoje trabalha de alguma forma ligada ao surfe: gerenciando atletas, empresas ou botando a mão na massa, ou melhor, nas pranchas, fazendo shapes. O australiano Cheyne, que na década de 70 venceu dois campeonatos no Arpoador, deixou a esposa e os filhos em casa e mostrava ser um dos mais animados. Arriscou até falar português.
- Agora aqui, estou muito feliz. A Praia do Arpoador tem boas ondas, às vezes – brincou – É muito bom estar de volta. Temos paixões diferentes, empregos diferentes. É muito bom se reencontrar e saber o que cada um está fazendo. Espero que a gente possa jantar junto e aproveitar bastante a semana.
Curren e Elkerton: duelos acirrados no Mundial (Foto: Cezar Loureiro / Ag. O Globo) |
Vice-campeão mundial nos tempos de Tom Curren, o australiano Gary Elkerton foi às forras no Master. No Arpoador, vai buscar, depois de dez anos, o tricampeonato.
- Todos estão melhores do que da última vez que os vi. Ainda somos competitivos. Um pouco – brincou Gary - Para muitos de nós, que ficamos dez, 15 anos competindo, parar de repente é complicado. Eu procurei trabalhar em outras coisas, mas a vontade de competir está dentro da gente - completou.Curren, tricampeão mundial, é a principal estrela. Antes de vir ao Rio, o americano nadou, deu suas corridinhas. Nada demais, diz. Daniel Friedman também. O carioca estava na última edição do Masters, na Irlanda. Agora, vai competir no quintal de casa. Em 1977, ele venceu no Arpoador a etapa brasileira do Circuito Mundial. Um circuito ainda bebê, que tinha entre os competidores Pepe Lopes, falecido em 1981, durante um voo de asa-delta.
- Estamos sendo reconhecidos pelo que a gente fez. Mostrar o que podemos fazer é muito bom. .A alegria de estar todo mundo surfando junto vai ser a melhor memória - disse Daniel.
Friedman, Curren e Elkerton durante a entrevista coletiva (Foto: Pedro Monteiro |
A descontração foi tanta que um dos convidados sugeriu uma bateria especial:
todos usariam as pranchas dos anos 70. Quem se antecipou a responder foi Cheyne, de novo com seu português arranhado.
- É mais ou menos bom. Deixem os garotos novos tentarem isso...
E por falar em idade, fica a pergunta: depois de tantos anos, a vontade de surfar ainda é a mesma?
- Claro! - todos responderam.
Formato diferenciado para garantir maior participação dos surfistas
O Mundial Master terá um formato único em campeonatos de surfe. Os surfistas serão divididos em grupos, sem baterias eliminatórias: eles acumulam pontos de acordo com as colocações. Após as fases classificatórias, os oito primeiros avançam às quartas de final, onde os duelos passam a ser homem a homem.
Primeira fase da categoria Master - de 36 a 49 anos:
1. Barton Lynch (AUS), Rob Bain (AUS), Flavio Padaratz (BRA), Richard Lovett (AUS)
2. Gary Elkerton (AUS), Brad Gerlach (EUA), Richie Collins (EUA), Guilherme Herdy (BRA)
3. Derek Ho (HAV), Victor Ribas (BRA), Kaipo Jaquias (HAV), Jojó de Olivença (BRA)
4. Tom Curren (EUA), Jake Paterson (AUS), Shea Lopez (EUA), Renan Rocha (BRA)
5. Mark Occhilupo (AUS), Fabio Gouveia (BRA), Marty Thomas (EUA), Fabio Silva (BRA)
6. Luke Egan (AUS), Peterson Rosa (BRA), Nathan Webster (AUS), Ricardo Toledo (BRA)
Primeira fase da categoria Grand Master - 50 anos ou mais:
1. Shaun Tomson (AFS), Hans Hedemann (HAV), Buzzy Kerbox (HAV), Daniel Friedman (BRA)
2. Wayne Bartholomew (AUS), Glen Winton (AUS), Peter Townend (AUS), Iain Buchanan (NZL)
3. Michael Ho (HAV), Simon Anderson (AUS), Ian Cairns (AUS), Lula Menezes (BRA)
4. Cheyne Horan (AUS), Terry Richardson (AUS), Terry Fitzgerald (AUS), Zé Alla (BRA)
Campões mundiais master (Master e Grand Master):
2001 - Gary Elkerton (AUS) e Mark Richards (AUS), em Bundoran - Irlanda
2000 - Gary Elkerton (AUS) e Michael Ho (HAV), em Lafitenia - França
1999 - Cheyne Horan (AUS) e Wayne Bartholomew (AUS), em Lafitenia - França
1998 - Joey Buran (EUA) e Buzzy Kerbox (HAV), em Puerto Escondido - México
1997 - Terry Richardson (AUS) foi o primeiro campeão em Cloudbreak, Tavarua Island - Fiji