Americano decacampeão mundial derrota australiano Owen Wright na final e volta a liderar o ranking. Próxima etapa começa no domingo, em Nova York
Se a ideia era homenagear Andy Irons, o último campeão ali, Teahupoo reservou o que tinha de melhor. E se a taça teria de ir para alguém à altura do havaiano - morto no ano passado -, ela foi para as mãos certas. Kelly Slater, decacampeão mundial, chegou lá em sexto do ranking. As ondas e os corais pontiagudos foram derrubando os tops e empurrando-o até que ele chegasse à liderança. Bruce, irmão de Andy, deu a bênção. Na final, o maior surfista de todos os tempos derrotou o australiano Owen Wright - que fez, durante toda a semana, algumas das melhores performances do campeonato - e conquistou a segunda vitória na temporada, a quarta no Taiti.
O caçula Irons entubou, voou e, depois, entregou o troféu "Andy Irons Forever Awards" ao surfista mais empenhado na competição: Jeremy Flores, dono de duas notas 10,00 em uma mesma bateria, na quinta fase. E dedicou o troféu aos surfistas que encararam Teahupoo de tow in, quando as ondas chegavam a 7m. Entre eles, Bruce (veja as fotos).
- A razão de eu ter vindo aqui é porque esse lugar significava muito para o meu irmão. As pessoas aqui tinham muito carinho por ele. É difícil falar – disse o havaiano.
No sábado, Bruce foi um dos protagonistas da inacreditável sessão de tow in. Perdeu até a bermuda. Maya Gabeira, Felipe Cesarano foram alguns dos que se arriscaram e saíram de lá machucados.
- Essa semana foi muito intensa. Vi aqui uma das maiores ondas da minha vida - disse Slater.
Raoni foi o melhor brasileiro no Taiti
No domingo, quando o campeonato voltou, apenas Raoni Monteiro sobreviveu entre os brasucas. O carioca, que até então tinha apenas alcançado as oitavas de final - no Rio de Janeiro -, deslizou nos tubos, desviou dos corais e só parou nas quartas, diante de Owen. Foi do brasileiro o primeiro dos seis tubos notas 10,00 no campeonato. Owen também teve um, na quarta fase.
Adriano de Souza, o Mineirinho, Alejo Muniz e Heitor Alves caíram na repescagem. Jadson André e Ricardinho dos Santos – que competiu como convidado – pararam na terceira fase. Mineirinho, que antes era o terceiro do ranking, continua sendo o melhor brasileiro.
A próximo desafio começa no domingo, em Long Island, em Nova York. É a primeira vez na história que o Circuito Mundial é disputado na costa leste americana. Depois da etapa, o grupo dos 32 surfistas da elite vai ser alterado pelos primeiros colocados no ranking unificado.
Ausente em J-Bay, Slater ‘economiza’ baterias para vencer em Teahupoo
O titulo de Slater vem depois de uma polêmica ausência em Jeffreys Bay. Depois de ver uma previsão épica nas Ilhas Fiji, decidiu ir para lá e abrir mão da etapa sul-africana .
- Economizei algumas baterias, estou gastando aqui – brincou.
Slater chegou a Teahupoo em sexto e viu, fase a fase, os tops caírem. Jeremy Flores, que no domingo igualou a façanha dele (de 2005) ao tirar os dois 10,00, abriu a segunda-feira contra o australiano Josh Kerr e deu adeus. O máximo que conseguiu foi um 7,00.
Slater assistia àquela bateria dirigindo um jet-ski. Quando enfim entrou em ação, se irritou. As ondas demoravam a aparecer no duelo contra o aussie Matt Wilkinson. O careca socou a água, e Teahupoo, então, mandou para ele dois tubos perfeitos. Vitória tranquila e terceira posição do ranking assegurada.
Antes das semifinais, brincava ao falar sobre Josh Kerr, que chegava a uma semifinal pela primeira vez.
- É a terceira vez que ele está na elite, mas poderia concorrer ao prêmio de calouro do ano, já que não competiu no ano passado.
Naquela bateria, Teahupoo deu uma cochilada. Quando acordou, mandou para Slater uma onda que rendeu a ele um 9,00, nota suficiente para garanti-lo na final.
Dentro de um dos barcos, enquanto dava entrevista, Slater torcia para que Travis Logie conseguisse entrar em uma onda boa que se formava. O sul-africano foi chamado para competir aos 44 minutos do segundo tempo, quando o americano Bobby Martinez desistiu . Chegou ao Taiti sem pranchas.
Mas não deu para Travis. Owen Wright tirou 9,80 e 9,70 e descartou um 8,93 e 8,00 para avançar à decisão. Estava impossível. Parecia imbatível. Só parecia...
Owen pegou o primeiro tubo da final - nota 6,17 -, e Slater foi engolido pelo segundo - 1,60. O americano deixou uma onda passar. Ela foi boa – 7,83 -, mas Slater sabia o que estava fazendo. Tinha visto uma que se formava atrás: nota 9,50.
O americano continuava atrás. Remou para outra esquerda, dropou atrasado - lembrando uma onda na final de 2005 (aquela das duas notas 10,00) - e caiu da prancha. Trocou a nota mais baixa por 2,50 e ficou à procura de 4,50.
Teahupoo então resolveu testar a paciência dos surfistas. Quando uma série surgiu, Owen beirou a perfeição e tirou 9,27. Dois minutos depois foi a vez de Slater: um tubo que parecia interminável e uma manobra para finalizar - nota 8,93. O aussie agora precisaria trocar a sua mais baixa por 9,17.
Insatisfeito, Slater foi em outro tubo. Diminuiu a velocidade dentro dele e caiu direto sobre os corais. Owen tinha nove minutos para usar a prioridade e escolher uma boa onda. Foi em uma grande, mas acabou sendo engolido.
Slater, então com a prioridade, tinha a bateria nas mãos. Mas ele queria aproveitar os últimos cinco minutos naquelas ondas e se jogou em uma delas. Foi mais uma vez ao fundo. A espuma varreu até Owen, que esperava para ver o americano iria surfá-la ou não. Kelly queria comemorar como Andy no ano passado. O cronômetro correu rápido. Kelly comemorou. Agora, de novo no topo.
Campeões no Taiti:
2011: Kelly Slater (EUA)
2010: Andy Irons (HAV)
2009: Bobby Martinez (EUA)
2008: Bruno Santos (BRA)
2007: Damien Hobgood (EUA)
2006: Bobby Martinez (EUA)
2005: Kelly Slater (EUA)
2004: CJ Hobgood (EUA)
2003: Kelly Slater (EUA)
2002: Andy Irons (HAV)
2001: Cory Lopez (EUA)
2000: Kelly Slater (EUA)
1999: Mark Occhilupo (AUS)
Final:
Kelly Slater EUA 18,43 x 17,10 Owen Wright AUS
Semifinais:
1. Kelly Slater EUA 14,50 x 10,60 Josh Kerr AUS
2. Owen Wright AUS 19,50 x 14,50 Travis Logie AFS
Quartas de final:
1. Josh Kerr AUS 11,94 x 11,83 Jeremy Flores FRA
2. Kelly Slater EUA 17,50 x 6,17 Matt Wilkinson AUS
3. Travis Logie AFS 18,07 x 17,14 Brett Simpson EUA
4. Owen Wright AUS 16,74 x 13,10 Raoni Monteiro BRA
Kelly Slater conquista o tetracampeonato da etapa do Taiti (Foto: Kirstin Scholtz / ASP) |
Pouco antes da decisão, Bruce Irons teve meia hora para surfar, sozinho e com uma prancha do irmão, as ondas mais perigosas do mundo. Ficou lá, sem camisa e usando o boné da campanha "Andy Irons forever". Chamou alguns amigos mais chegados para acompanhá-lo.
- Bruce merece estar aqui, em qualquer oportunidade – dizia Slater.A razão de eu ter vindo aqui é porque esse lugar significava muito para o meu irmão."
Bruce Irons
- A razão de eu ter vindo aqui é porque esse lugar significava muito para o meu irmão. As pessoas aqui tinham muito carinho por ele. É difícil falar – disse o havaiano.
No sábado, Bruce foi um dos protagonistas da inacreditável sessão de tow in. Perdeu até a bermuda. Maya Gabeira, Felipe Cesarano foram alguns dos que se arriscaram e saíram de lá machucados.
- Essa semana foi muito intensa. Vi aqui uma das maiores ondas da minha vida - disse Slater.
Raoni foi o melhor brasileiro no Taiti
No domingo, quando o campeonato voltou, apenas Raoni Monteiro sobreviveu entre os brasucas. O carioca, que até então tinha apenas alcançado as oitavas de final - no Rio de Janeiro -, deslizou nos tubos, desviou dos corais e só parou nas quartas, diante de Owen. Foi do brasileiro o primeiro dos seis tubos notas 10,00 no campeonato. Owen também teve um, na quarta fase.
Adriano de Souza, o Mineirinho, Alejo Muniz e Heitor Alves caíram na repescagem. Jadson André e Ricardinho dos Santos – que competiu como convidado – pararam na terceira fase. Mineirinho, que antes era o terceiro do ranking, continua sendo o melhor brasileiro.
A próximo desafio começa no domingo, em Long Island, em Nova York. É a primeira vez na história que o Circuito Mundial é disputado na costa leste americana. Depois da etapa, o grupo dos 32 surfistas da elite vai ser alterado pelos primeiros colocados no ranking unificado.
Ausente em J-Bay, Slater ‘economiza’ baterias para vencer em Teahupoo
O titulo de Slater vem depois de uma polêmica ausência em Jeffreys Bay. Depois de ver uma previsão épica nas Ilhas Fiji, decidiu ir para lá e abrir mão da etapa sul-africana .
- Economizei algumas baterias, estou gastando aqui – brincou.
Slater chegou a Teahupoo em sexto e viu, fase a fase, os tops caírem. Jeremy Flores, que no domingo igualou a façanha dele (de 2005) ao tirar os dois 10,00, abriu a segunda-feira contra o australiano Josh Kerr e deu adeus. O máximo que conseguiu foi um 7,00.
Slater assistia àquela bateria dirigindo um jet-ski. Quando enfim entrou em ação, se irritou. As ondas demoravam a aparecer no duelo contra o aussie Matt Wilkinson. O careca socou a água, e Teahupoo, então, mandou para ele dois tubos perfeitos. Vitória tranquila e terceira posição do ranking assegurada.
Antes das semifinais, brincava ao falar sobre Josh Kerr, que chegava a uma semifinal pela primeira vez.
- É a terceira vez que ele está na elite, mas poderia concorrer ao prêmio de calouro do ano, já que não competiu no ano passado.
Naquela bateria, Teahupoo deu uma cochilada. Quando acordou, mandou para Slater uma onda que rendeu a ele um 9,00, nota suficiente para garanti-lo na final.
Dentro de um dos barcos, enquanto dava entrevista, Slater torcia para que Travis Logie conseguisse entrar em uma onda boa que se formava. O sul-africano foi chamado para competir aos 44 minutos do segundo tempo, quando o americano Bobby Martinez desistiu . Chegou ao Taiti sem pranchas.
Mas não deu para Travis. Owen Wright tirou 9,80 e 9,70 e descartou um 8,93 e 8,00 para avançar à decisão. Estava impossível. Parecia imbatível. Só parecia...
Owen pegou o primeiro tubo da final - nota 6,17 -, e Slater foi engolido pelo segundo - 1,60. O americano deixou uma onda passar. Ela foi boa – 7,83 -, mas Slater sabia o que estava fazendo. Tinha visto uma que se formava atrás: nota 9,50.
O americano continuava atrás. Remou para outra esquerda, dropou atrasado - lembrando uma onda na final de 2005 (aquela das duas notas 10,00) - e caiu da prancha. Trocou a nota mais baixa por 2,50 e ficou à procura de 4,50.
Teahupoo então resolveu testar a paciência dos surfistas. Quando uma série surgiu, Owen beirou a perfeição e tirou 9,27. Dois minutos depois foi a vez de Slater: um tubo que parecia interminável e uma manobra para finalizar - nota 8,93. O aussie agora precisaria trocar a sua mais baixa por 9,17.
Insatisfeito, Slater foi em outro tubo. Diminuiu a velocidade dentro dele e caiu direto sobre os corais. Owen tinha nove minutos para usar a prioridade e escolher uma boa onda. Foi em uma grande, mas acabou sendo engolido.
Slater, então com a prioridade, tinha a bateria nas mãos. Mas ele queria aproveitar os últimos cinco minutos naquelas ondas e se jogou em uma delas. Foi mais uma vez ao fundo. A espuma varreu até Owen, que esperava para ver o americano iria surfá-la ou não. Kelly queria comemorar como Andy no ano passado. O cronômetro correu rápido. Kelly comemorou. Agora, de novo no topo.
Campeões no Taiti:
2011: Kelly Slater (EUA)
2010: Andy Irons (HAV)
2009: Bobby Martinez (EUA)
2008: Bruno Santos (BRA)
2007: Damien Hobgood (EUA)
2006: Bobby Martinez (EUA)
2005: Kelly Slater (EUA)
2004: CJ Hobgood (EUA)
2003: Kelly Slater (EUA)
2002: Andy Irons (HAV)
2001: Cory Lopez (EUA)
2000: Kelly Slater (EUA)
1999: Mark Occhilupo (AUS)
Final:
Kelly Slater EUA 18,43 x 17,10 Owen Wright AUS
Semifinais:
1. Kelly Slater EUA 14,50 x 10,60 Josh Kerr AUS
2. Owen Wright AUS 19,50 x 14,50 Travis Logie AFS
Quartas de final:
1. Josh Kerr AUS 11,94 x 11,83 Jeremy Flores FRA
2. Kelly Slater EUA 17,50 x 6,17 Matt Wilkinson AUS
3. Travis Logie AFS 18,07 x 17,14 Brett Simpson EUA
4. Owen Wright AUS 16,74 x 13,10 Raoni Monteiro BRA